Os poemas mecânicos que aqui tenho colocado começaram com um poema (vamos chamar-lhe assim) que escrevi no comboio para Lisboa. A ideia de mecânico era a de alguma espontaneidade e de alguma rigidez no processo e no ritmo. Continuo a escrevê-los, mas o que me salta mais à vista e ao ouvido, é a rigidez que me lembra uma antiga máquina de lavar com que em tempos convivi.
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Tenho necessidade de amar
e ser amado. É, ao mesmo tempo,
uma conquista e uma rendição. É
preciso ir, esforçarmo-nos por ir,
e é preciso deixarmo-nos ir.
Talvez amar seja como escrever,
processo em tudo rigoroso,
guiado pela mente e pelo coração,
em que o resultado é sempre
secundário e nunca tem fim.
A escrita e o amor só importam
se trazem consigo transformação.
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Disseram que tinha caído no amor, esse poço fundo e perigoso, e se perdeu, mas a verdade é que ele se precipitou no amor, de livre vontade, e nesse poço fundo e perigoso construiu a sua casa e foi feliz.