Escrever e publicar são dois momentos e duas realidades diferentes.
O escritor escreve, é isso que ele faz, e é isso que o torna escritor. Assim, se não publicar não deixa de ser um escritor: um escritor que nunca tenha publicado é um escritor não publicado.
Eu sou um escritor, para falar apenas de mim. Escrevo e isso basta. Escrevo por necessidade. Não necessito de publicar para me considerar escritor. Ser escritor é uma condição anterior à publicação, logo anterior ao eventual reconhecimento público. É isso que acredito.
Mas talvez me possa interrogar sobre que é publicar, e a verdade é que me interrogo. Publicar é colocar à disposição de um público, geralmente obras literárias, normalmente em livro. E existirão outras formas de colocar obras literárias ao alcance de um público? Acredito que sim! E tenho-o feito! A questão é se devo continuar a fazê-lo.
Colocar o que escrevo à disposição de um público não me faz mais escritor e até talvez confunda o meu papel ou missão, que é tão só escrever, pelo menos como eu o entendo. No entanto, a vontade de completar o ciclo, e colocar o que escrevo à disposição do público, tem-me levado a ler o que escrevo em voz alta, muitas vezes material inédito, com ou sem músicos, e a publicar na Internet, sobretudo através de blogs.
Sou um escritor, não um editor ou agente e talvez me deva limitar a escrever. Muitas vezes acredito que é isso que deveria fazer, apesar de também sentir que tenho de fazer o que sinto em mim necessidade de fazer.
Procuro-me e perco-me nas palavras, penso ou tento pensar. Sou um escritor e um escritor escreve. Mas talvez eu não seja apenas um escritor ou seja afinal uma nova forma de escritor. Sorrio e deixo de escrever. Mais tarde voltarei a este texto.