A folha em branco não é folha nem está em branco
é este silêncio turvo em que toda a palavra se suspende
antes da
queda
É esta paciência inquieta que nos obriga a escrever
obsessão
medo
desejo
vontade
É este seja o que for que nos aproxima de nós ao mesmo tempo
que nos afasta de
nós
inexorável
É este seja o que for que nos apazigua ao mesmo tempo que
nos
desequilibra
inexorável
Estar em movimento é sempre estar em desequilíbrio
mesmo quando acreditamos que estar em equilíbrio é procurar o
equilíbrio
Todo o poema é folha em branco
nenhum poema está alguma vez terminado