quinta-feira, 24 de julho de 2014

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A folha em branco não é folha nem está em branco

é este silêncio turvo em que toda a palavra se suspende antes da

queda

 

É esta paciência inquieta que nos obriga a escrever

obsessão

medo

desejo

vontade

 

É este seja o que for que nos aproxima de nós ao mesmo tempo que nos afasta de

nós

inexorável
 

É este seja o que for que nos apazigua ao mesmo tempo que nos

desequilibra

inexorável

 

Estar em movimento é sempre estar em desequilíbrio

mesmo quando acreditamos que estar em  equilíbrio é procurar o

equilíbrio

 

Todo o poema é folha em branco

nenhum poema está alguma vez terminado

 

Cruzeiro Seixas

 Ouvir.