O
poema não tem corpo
O
poema é ele mesmo
um
corpo
Pode
ter cabeça tronco membros
Pés
para andar
Mãos
que nos acariciam
Mas
se fosse só uma palavra
Mesmo
assim respiraria
E o seu bater seria sempre
E o seu bater seria sempre
O
bater de um coração
PS.
Mais
tarde ou mais cedo, o que me dizem, o que escuto, entra no que
escrevo. Às vezes dou conta disso, outras nem tanto. Uma palavra,
uma frase, pede outras palavras, outras frases, e torna-se o centro
exigente de um texto; ou então uma frase, uma palavra, uma ideia que
julgava esquecida, entra de rompante num texto que não provocou e
faz dele a sua casa. Desta feita foi o segundo caso.