domingo, 27 de março de 2011

Nada

Eu no meu corpo como o tigre no seu bafo.
O mundo leva iguais a jaula e a casa.
Somos a vida que não é,
Fora não ser a morte.
Nem mesmo nada somos:
Estamos no que fomos
À espera do que importe.

Não se pode sair, e entrar já não:
Nada já deu entrada ao só nascido
Que é esse mesmo Nada:
Pelo que Nada não é nada,
Mas é nada Em Deus que tudo gera.
Eu na minha alma como o bafo no seu tigre.

Vitorino Nemésio

Cruzeiro Seixas

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