[para ti, tu sabes quem.]
No final, dizes a ti mesmo num momento de lucidez, num
dos teus raros mas intensos momentos de lucidez, no final
é apenas uma questão de equilíbrio. Pouco importa quanta
dor a vida te inflija ou quanta sejas capaz de suportar. Não
importa quanta alegria extraias da vida ou quanta consigas
sorver. No final, dizes, é apenas uma questão de equilíbrio.
Só me ocorre dizer, desculpa-me a metáfora hesitante, que
a dor e a alegria são duas sombras, projectadas pela vida e
por nós, e o que importa, o que nos resta, é equilibrá-las, é
acertá-las, de forma a que uma e outra se confundam e, no
final, pareçam (e sejam talvez) apenas uma. Tal como nós.