quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Ponto de partida

No ano que passou escrevi um romance, no puro ímpeto de escrever um romance, o que não me acontecia há bastantes anos, tantos que pensava já não ser capaz de o fazer. Foi um processo intenso que senti como de profundo conhecimento e de crescimento pessoal. 

Ao partilhar o que estava a fazer, pois apetecia-me partilhar a minha aventura, alguém disse que queria ser o primeiro a ler o romance, motivo que me levou a enviar-lhe uma primeira versão. Depois, por motivos diferentes, enviei a mais duas pessoas. Dessas três pessoas, a quem enviei o romance, sem qualquer obrigação, nem a de o ler, como lhes disse, todas leram o romance e me deram a sua opinião. 

Talvez possa dizer que uma gostou muito, outra detestou e a última gostou, mas com algumas reservas. Do que disseram, recebi as sugestões que me deram, quando as deram, e ouvi o que disseram, não propriamente com indiferença, mas talvez com alguma displicência, convencido de que escrevi o melhor que me foi capaz e com verdade. 

Não sinto o resultado muito longe do que pretendi, com as suas falhas e as suas virtudes. O romance está escrito. Como próximo exercício, exercício que antecipo final, vou incorporar todas as críticas e limpar o romance de todas as falhas e ambiguidades que me apontaram, cortar, cortar e cortar até o deixar no osso, por assim dizer, e ver o que é que sobra, ver o que é que resiste. 

Depois seguirei em frente, com a certeza de que continuarei a escrever, com a certeza de que continuarei a escrever-me.




Cruzeiro Seixas

 Ouvir.