Escrevo poemas, mas não me considero poeta, a poesia não é o meu principal interesse no que se refere à escrita. Cheguei à poesia na minha escrita através do meu interesse pela brevidade. Pouca poesia publiquei, dispersa, e se tenho um livro de poesia é porque não sabia que era poesia. Mas escrevo poemas, que tenho partilhado em blogues e no Facebook.
Pediram um texto para uma publicação e enviei dois, um deles óbvio poema, em alternativa. Escolhido o primeiro, resolvi publicar o segundo, mas se já o tinha editado por ocasião do envio, agora ainda o editei mais, reduzindo até quase nada ficar.
DESILUSÃO
as palavras cobrem
a nossa nudez
como um manto /inútil
e debaixo dele
os corpos repousam
num silêncio morno
é nestas ocasiões que
não acredito na distinção
entre corpo e alma
é nestas ocasiões que
sei que os corpos têm
uma alma própria
é nestas ocasiões que
tenho a certeza de que os
corpos são / infinitamente
mais sábios do que nós
(...)
Depuração
Depois do sexo
não há mentira nos corpos
repousam altivos
num morno silêncio
infinitamente sábios