Poderia dizer-se que desisti
praticamente de publicar após a edição do meu primeiro romance A Justa Medida,
publicado pela Porto Editora em 2003. Este desistir teve muito de desencanto no
panorama editorial português. Mas a verdade é que não desisti de um todo, antes
resisti, apenas deixando progressivamente de contactar as editoras para que me
publicassem.
Na base desta atitude estava a
ideia de que ainda que me editassem me editariam mal, se é que alguma vez
conseguiria ultrapassar os portões das editoras. Assim, resolvi ir por outros
caminhos, passando por edições independentes e edição de autor.
Coloquei-me assim à margem do
mercado editorial, não sem aqui e ali, confirmar a apatia e o ensimesmamento
desse mesmo mercado. É preciso notar que o facto de ter um primeiro romance
publicado não me serviu de nada.
Talvez não tenha feito o
suficiente, mas sou escritor e não agente literário. Mesmo mais tarde,
reconhecido como representante da Microficção que se fazia em Portugal, sempre
que abordei o mercado editorial tradicional só obtive indiferença e recusas. Mas
o que eu queria dizer é que posso ter desistido do mercado editorial mas nunca desisti
de partilhar o que escrevo e apanhei para o efeito a boleia da internets e dos
blogues.
“Um dos meus objetivos”, escrevi
em 2011, “ao criar/manter blogs - aquele que identifico como principal – sempre
foi partilhar o que escrevo. O que sentia - e ainda sinto - é que desta forma
aquilo que assim publico sempre pode - potencialmente - chegar a alguém. Neste aspeto
o blogue parece-me um livro aberto, ainda mais aberto que qualquer livro, pois
sempre aberto ao leitor e à leitura.”
Deste sentir nasceu um blog que
seria o primeiro e o mais conseguido dos meus projetos literários digitais e
que se repercutiu em papel, o blog Mil e Uma Pequenas Histórias. Outros se
seguiram, mais ou menos conseguidos, mais ou menos falhados, como Na Estrada de Damasco e Infinitésimo. Refiro também o meu mais recente projeto/experiência, o
blog Diário Mais Que Improvável. E claro, existe ainda este blog que reflete o
mesmo desejo.
Por tudo isto, e mais haveria
para dizer, posso afirmar que nunca desisti de fazer chegar o leitor aquilo que
escrevo, apenas me desiludi com o mercado editorial.