segunda-feira, 1 de julho de 2013

Poemas avulsos II

Transcendente

Procuro a distância necessária
para me aproximar de mim próprio
e do mundo.
Procuro a rude serenidade
que me permita viver
o tumulto do ser.
Procuro as raízes ensombradas
que perseguem sem descanso
o negrume da luz.
Procuro um centro a partir do qual
possa desenhar um círculo
mais que perfeito.
Procuro o silêncio necessário
para despertar as palavras
que dormem no branco
da folha.

...

Em branco

No branco da folha
as palavras
agonizam

Puxo-as para cima
reanimo-as
a custo

e eis que elas
morrem
estropiadas

Não tenho medo
da folha
em branco

tenho medo é de
perturbar o seu
equilíbrio

...

O tempo

O tempo voa
mas não se move
almeja o futuro
mas está preso
ao passado

O tempo somos nós
mesmo quando não
temos espaço para ele.

...

Faltam-me muitas vezes palavras para dizer o que sinto; não porque me faltem palavras, mas porque sempre me sobram.

...

Não há respostas,
só há perguntas.

As respostas
são apenas
perguntas 
alimentadas.

Cruzeiro Seixas

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