[Não fosse o aviso de um novo comentário e esquecer-me-ia deste texto em tempos publicado.]
diálogos esquecidos
29 08 2006
Esqueci-me, disseste, e eu perguntei, O quê? Mas tu repetiste, Esqueci-me, e eu não insisti. Há coisas que é melhor esquecer.
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Esqueci-me de quem sou, disseste-me com surpresa, e eu respondi, Queres que eu te diga quem és? E fiquei à espera que dissesses alguma coisa, mas logo percebi que já tinhas esquecido a minha pergunta.
Esqueci-me das chaves do carro, disseste, sou mesmo esquecida, e eu lembrei-te que não tinhas carro. Sou mesmo esquecida, insististe, entre o surpreso e o convicto, esqueci-me de comprar carro.
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Tinha uma coisa para te dizer mas não me consigo lembrar o que é, afirmaste com ênfase, e eu respondi-te com displicência, Esquece, mas tu ficaste ainda mais séria e garantiste-me que te custava muito esquecer.
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[Esqueci-me de algo que não escrevi e, ao tentar recordá-lo, escrevi estes textos que de outra forma não me lembraria.]