1
Olhou-a nos olhos, bem no fundo dos olhos, e depois mergulhou. Nunca mais voltou ao de cima.
2
Olha-me nos olhos e diz-me a verdade, disse ele, e ela olhou-o nos olhos, bem no fundo dos olhos e mentiu-lhe. No fundo, no fundo, era isso que ele queria, e ela bem o sabia.
3
Olhou a verdade nos olhos e ficou cego. Não quero afirmar que a verdade cegue, foi apenas assim que aconteceu.
4
Gostava de olhar as pessoas nos olhos. Era médico oftamologista.
5
Olha-me nos olhos, disse a serpente, e a pequena ave fez-lhe a vontade. Olhou-a nos olhos, bem no fundo dos olhos, e voou para longe. Do que é que estavam à espera?
6
Olha-me nos olhos, disse ele, e diz-me que não me amas. E ela olhou-o nos olhos e disse que não o amava. Qualquer pessoa veria que ela falava verdade. Qualquer pessoa menos ele, que estava cego de amor.
7
Olhem-me nos olhos, olhem-me bem nos olhos, dizia ele, mas ninguém conseguia. Ele era completamente vesgo.
A verdade dificilmente se revela à vista desarmada. É preciso intimidá-la.