I
desenho
palavras
alinhando longas
linhas
estranhas
formas regulares
de curvas e
arestas
improváveis
que se
prolongam
repetidamente
no silêncio
II
as palavras
brilham
de forma
desigual
no negrume
uniforme
do silêncio
primordial
recordando-me
que
de noite nem
todas
as palavras
são
pardas
II
queria
escrever um
poema
em que as
palavras
imóveis
corressem em
todas
as direções
poema
atravessado
por ventos
por marés
poema
atravessado
pelos sonhos
perturbados
dos homens
que vivem
sós