terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

um poema / uma ficção


Federico Fellini a Giulietta Masina


Entrei numa loja para te comprar

um ramo de poemas.

Disseram-me que só tinham flores,

mas eu não entendi a resposta.

Repeti que queria um ramo de poemas.

Voltaram a explicar-me que ali só vendiam flores.

Sugeriram-me vários tipos,

disseram-me os nomes.


Como sabes, sou péssimo

com o nome das flores.

Apenas tenho memória para poemas.

Esforcei-me para fazer compreender

esta minha particularidade,

mas ninguém me entendeu.

À força de não me quererem

vender poemas,

impingiam-me flores.


Que cheiravam melhor

que eram mais vivas,

que as mulheres preferem

flores a poemas.

Flores que eu não quero,

que eu definitivamente não quero,

pois tenho-te a ti.

Ninguém dá flores às flores.

O que eu quero é um ramo de poemas

para oferecer à minha flor.


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Cruzeiro Seixas

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