terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vão-se queixando que eu já fui!

A discussão sobre o estado da literatura entrou em marcha lenta (ainda que a investigação continue) e penso que é de dizer-se neste momento que em Faro há e tem havido nos últimos anos pessoas e grupos de pessoas que têm tentado fazer e tem efectivamente feito alguma coisa. Os apoios e os resultados é outra história mas não invalida a primeira. Que aqui fique dito. E que se continua a fazer.
Isto vem a propósito do que já aqui se publicou e comentou, e em especial de um último comentário em entrada de já há alguns dias e que a seguir destaco. Obrigado a todos. Obrigado Rubi.

Diz o Rubi:

Enfim. Li. Liguei-me. Sou pessoa. Queremos quantidade para sentir forte a nossa vontade. Já nem sei o que vale a pena ser dito. Sei que é preciso comer, beber, vestir, ter computador com net, tecto e cama. Sei que é preciso ir para a rua. Sei também que só fabricando um mosteiro aberto à educação, à recriação e à investigação sob o lema de pobreza, caridade e alegria se conseguirá porventura fazer algo consistente em Faro. A cena artística existe nesta cidade e vê-se nas gerações mais velhas o quão desprezada é, formando corpos transeuntes ou corpos abutrivos. Esta cidade é um poço de ecos a tentarem escapar da espiral de vento enrolado. Impregnados por uma viscosa densa. Sufocados de tanta incompetência labiríntica sem rosto, sem sensibilidade, sem visão de um povo. Tacanho modo de vida. Escrevam carros e praias sujas na moda de salpicos presunçosos sem lonjura de pensamento.
Quem, do que tem sido sempre feito em faro, sabe dar seguimento físico? Aqui só se fala... não se apoia! Não se abre a porta e arrisca! Não se partilha do que é "seu" pois não se sabe ter maior ceu! Aqui tem-se medo que um comerciante tenha um sucesso maior do que o seu! Quando o sucesso de um ser maior é alimento para muitos seres maiores! Continuamos a reunirnos sim... mas longe daqui! e a nossa obra não precisa de ser esquecida pois a nossa obra já não existe! E o que ficar escrito será sempre pouco para dizer o que esta cidade foi. Não sei muito. Não tenho medo de fazer. Mas quem quer que eu faça? Todos querem. E o que como eu? Como como comia antes de saber como comer - não comendo! Morro então mais sossegado. Afinal não estava desligado como pessoa, apenas não existia comida em Faro! É fácil dizer que as pessoas estão desligadas quando não se assume a responsabilidade de nos alimentarmos uns aos outros! Vão-se queixando que eu já fui! Abraços e Boas investigações. Estou na brasileira a falar com o Fernando Pessoa! (Não levem a mal porque existo e estou errado)

Cruzeiro Seixas

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